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Recomendada no “boca-a-boca” há muitas semanas, só agora me dediquei a esta série espanhola, disponível no Netflix. Antes de mais, tecnicamente, nada deve às melhores séries norte-americanas. Está muito bem filmada, muito bem escrita e repleta de atores de grande qualidade. A história é a de um assalto que promete ser um dos maiores de sempre a nível mundial. Um grupo propõe-se a assaltar a Casa da Moeda espanhola. Por trás de tudo, o cérebro. Uma misteriosa personagem conhecida simplesmente como Professor reúne um grupo de criminosos com vários perfis. Fechados cinco meses numa casa para estudarem o plano em pormenor, o grupo só se conhece por nomes de código (nomes de cidades, de Tóquio a Rio, passando por Berlim). O problema é que até o plano mais detalhado, pode esbarrar na realidade. Viciante.
Ethan Canin, um dos autores que merece o epiteto de bestseller do New York Times, conta-nos a história de Milo Andret. Milo, que cresceu solitário no countryside do Michigan dos anos 50, começa a ver-se de outra forma quando ingressa na famosa Berkeley. Começa a tornar-se óbvio o tamanho do seu génio e acaba por conhecer uma mulher e um rival que o acompanham no resto da sua vida. Tal como nós, leitores, acompanhamos as várias fases da vida de Milo. São sete décadas de uma vida rica e de um grande romance americano.
James (Alex Lawther) é um adolescente inglês. Vive apenas com o pai e sente ser um psicopata. De facto, não tem sentido de humor, não sente empatia e diverte-se a matar animais. É quando decide experimentar a sensação de matar “algo maior” que lhe aparece à frente Alyssa (Jessica Barden), colega de escola, revoltada como qualquer adolescente e com vontade de viver aventuras. O estranho par junta-se, com perspetivas bastante diferentes da relação e acaba por fugir de carro, rumo a uma aventura, sangrenta mas bastante divertida. Uma descoberta e uma bela metáfora sobre os contragimentos sociais.
O mercado livreiro tem um truque que repete com frequência. Faz novas capas de livros já editados há alguns anos, levando leitores mais aventureiros (que, como eu, se apaixonam por capas e títulos, sem fazerem grande investigação) a pensar que estão a comprar uma novidade. Apesar de irritante, este truque por vezes é-me benéfico. Foi o que aconteceu com Despojos do Dia, uma pequena maravilha em 250 páginas que se lê numa penada. Descobri que é já de 1989 e que até já deu um filme com Anthony Hopkins mas isso acabou por não diminuir em nada o prazer da leitura.
Conhecido da maioria do público português (eu, incluindo) apenas após a vitória do Nobel da Literatura, Kazuo Ishiguro é um escritor nascido no Japão mas que cresceu como inglês. Assim que peguei neste Os Despojos Do Dia senti isso mesmo. Há pouco de japonês nestas páginas. O tema que escolheu para este livro de 1989 (o seu terceiro) dificilmente poderia ser mais britânico. No pós-guerra, o mordomo Mr. Stevens, aproveita a oportunidade que lhe é dada pelo patrão e faz uma viagem de carro pelo campo inglês. Nela, para além de ver o país que existia para além das paredes da casa que servia e de conhecer pessoas para além das que orientava e servia, pode refletir sobre a sua vida e como ela tinha sido dedicada a uma profissão e a uma pessoa, Sua Senhoria, agora morta.
Após anos de dedicação a Lord Darlington, Stevens agora empregado de um americano rico, vê uma certa mudança na atitude do patrão. Mais descontraído, insiste que o mordomo leve o seu Ford e aproveite a sua ausência para passear por Inglaterra. Com a desculpa para si mesmo de que a mansão precisa de mais pessoal, Stevens parte em busca de Mr. Keaton, antiga governanta que há largos anos se despedira para casar, casamento que, segundo uma missiva, estaria a terminar.
E se a viagem dura poucos dias, a verdade é que Stevens põe a memória a funcionar e recua anos e anos. Reflete sobre os verdadeiros méritos do homem a quem dedicou a vida; reflete sobre o que é ser um bom mordomo; reflete sobre a sua relação com o pai, também ele um mordomo e sobretudo pensa em Mr. Keaton. Um vivo fabuloso da Inglaterra dos anos 30 a 50.
Volto a Peaky Blinders, série sobre a qual já aqui tinha escrito. A quarta temporada acaba de sair do forno (infelizmente, arrumada com apenas seis episódios) e vem confirmar a evolução da trama e da própria produção. Se Tom Hardy já se tinha juntado ao elenco na temporada transata, nesta mantem-se e ainda dá as boas vindas a Adrien Brody, como um mafioso italo-americano com tiques óbvios de Padrinho mas que funciona bem. Mas façamos rewind. Aqui estamos em Birmigham, nos anos 20. Tommy (Cillian Murphy) é o líder da família Shelby. Outrora destacada pelo controlo das apostas, a família foi crescendo, graças ao rasgo de Tommy, até uma posição na qual detém várias fábricas em Inglaterra e uma delegação nos EUA. Entre os negócios dos Shelby até existem agora os que são honestos. Tommy é agora um homem ainda mais só, com a cabeça na I Guerra Mundial, sempre que tem tempo para pensar e com a família contra ele por acontecimentos da quarta temporada. Mas o passado volta para se vingar e a família é obrigada a unir-se para sobreviver. Luca Changretta (Brody) filho de um mafioso italianos morto por Arthur (Paul Anderson) irrascível irmão de Tommy chega a Inglaterra para vingar o pai. Seguindo a sua própria tradição, promete matar toda a família Shelby. Enquanto isso, Tommy tem que lutar contra os sindicatos recém-criados e inspirados pela revolução bolchevique para tentar manter os seus negócios a funcionar e tem que fazer vários jogos de sedução e intrigas de bastidores. Entre as novas aparições, para além de Brody, temos Jessie Eden (Charlie Murphy), a jovem comunista que organiza greves e por quem Tommy se encanta; Aberama Gold (Aidan Gillen, célebre pelo seu papel maquiavélico em Game of Thrones), líder cigano contratado por Tommy para ajudar na "guerra" contra os italianos e Bonnie Gold (Jack Rowan), filho de Aberama e prodígio no boxe. As velhas personagens evoluiram e marcam presença como Arthur, na sua luta entre ser um bom cristão e pai como a mulher quer ou ser o gangster louco e violento de sempre; Polly (Helen McCrory), a tia de Tommy e seu braço direito, agora em contacto com o seu lado cigano e místico e Ada (Sophie Rundle), regressada da filial americana para se unir à luta. Peaky Blinders continua a ser uma obra-prima de recriação histórica, com interpretações superiores e finais de temporada que não param de causar ansiedade aos seus fãs.
Alan Moore, conhecido tanto pela sua genialidade a contar histórias como pelo seu caracter “fechado”, é um nome maior da banda desenhada mundial. Da cabeça do inglês, saíram obras-primas como From Hell, V for Vendetta ou Watchmen. From Hell, premiada serie de histórias chega agora a Portugal, em versão traduzida, através de um volume de quase 600 páginas, responsabilidade da Devir. Publicada entre 1989 e 1996, é considerada uma das melhores Graphic Novels de sempre. Tem textos de Moore e ilustrações a preto e branco de Eddie Campbell. O livro, que até deu em filme em 2001, conta a história de Jack, O Estripador e o pormenor dos seus crimes e forma como foram encobertos, numa narrativa aterradora.