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Guy Delisle é um dos meus autores favoritos da atualidade. Canadiano, nascido em 1966, é um dos mais proeminentes autores de graphic novels. A sua obra é muitas vezes autobiográfica e relata as suas viagens, um pouco por todo o mundo. Trabalhou em estúdios de animação na Ásia, como supervisor e relata essas experiências em Shenzhen, publicado em 2000 e no ainda mas fantástico Pyongyang, publicado em 2003, onde, de forma aparentemente simples, relata as limitações do regime coreano. A par de Dentro do Segredo, de José Luís Peixoto, é um dos relatos mais interessantes que li sobre a Coreia do Norte e o seu regime repressivo, apesar do esforço para não passar essa realidade para o exterior.
Casado com uma administradora dos Médicos Sem Fronteiras, ele e os filhos, seguiram-na até vários países. Estas aventuras deram origem a livros como Burma Chronicles (2005) e Jerusalém (2009), nos quais relata o dia-a-dia naqueles países.
Chega agora ao mercado português, Hostage (por cá, ainda só há em francês e inglês). Aqui, Guy conta a história do amigo Christophe André, raptado em 1997, por rebeldes chechenos, enquanto estava a trabalhar numa missão humanitária na Rússia, algures no Cáucaso Norte. Nos meses seguintes, a vida de André consiste em estar preso em locais esconsos e escuros, normalmente com uma mão algemada. E um livro que vive de imagem consegue ser muito bom, com grande parte das vinhetas a mostrarem o mesmo homem na mesma posição. Acompanhamos os diferentes estados de espírito de André, à medida que o tempo passa e todos os cenários que imagina – vou ser libertado hoje, vou fugir, não vou sair daqui nunca – enquanto não tem mais nada para fazer. Um relato emocionante e que nos prende até ao fim das cerca de 500 páginas.